Bebíamos vagarosamente esse vinho
no Cabaña La Lilas. Curtíamos o belo visual do Puerto Madero. Comíamos Bifes de Chorizo.
De tão maravilhoso que é
costumo dizer
que existe algo acima
e algo abaixo
e que o meio, o meio,
é preenchido pelo Alma Negra.
O filho do homem preparou um corte secreto
e batizou-o de Mistério.
Foram duas garrafas misteriosas
garganta abaixo.
A carne vermelha contrastando com a coloração rubi intensa do vinho.
Um espaço atemporal onde o prazer não se revela, nem as castas utilizadas e nem a proporção do Blend.
Um espaço atemporal onde o prazer não se revela, nem as castas utilizadas e nem a proporção do Blend.
A brisa natural que percorria o Rio e o tímido Sol pedia mais.
Então, diante de uma rigorosa espontaneidade, sugeri o Gran Café Tortoni.
Eu sei onde fica. Apontei e seguimos a direção do meu dedo.
Caminhamos e caminhamos e caminhamos
mais e de novo.
Você sabe não é? O vinho. E nada do Gran Café Tortoni.
Alcancei o Guarda de rua, e ele apontou
para o lado contrário.
Então, todos ficaram boquiabertos
quando correndo atravessei a longa avenida,
e parado, braços abertos, feito uma cruz,
forcei o motorista a brecar violentamente o táxi.
Cento e cinquenta anos de Café Tortoni.
Primeiro a fila na porta. Depois, você é mental-transportado para uma outra época.
Primeiro a fila na porta. Depois, você é mental-transportado para uma outra época.
Algo mais nobre e digno, a principio. Algo perdido não no tempo mas nas palavras de Borges.
''Morrerei e comigo irá a soma do intolerável universo."
''Morrerei e comigo irá a soma do intolerável universo."
O fantasma de Carlos Gardel tocando seu tango. O pequeno teatro escada abaixo. As maravilhosas Medialunas. O café cortado. Os amigos.
Contendo a alma, fomos reduzidos ao silêncio.
Contendo a alma, fomos reduzidos ao silêncio.
Eu pouco sei sobre a mão de Deus de Maradona.
Mas te garanto, ou quase,
existe Mistério
se o vinho for Alma Negra.
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