sábado, 2 de julho de 2016

ESCORADO NA DOR COMO PÁSSAROS AGONIZANTES





     


Sofrendo feito uma obra completa, sem analgésicos.  

Vejo-me destroçado por martelos. Os ossos limpos e expostos. Tudo frequentemente foi por demais derramado. 

A merda única de dizer a ela que atiraria em todos. Hoje tenho vontade de descascar isso de mim. Não vejo alternativa. Um transplante de alma? 

Encontro minha funda e minha espingarda. Trago sangue nas mãos de dezenas de pássaros. Essa dor imune bate a porta e os sinos dobram para ela, arremessando-me para o lado de dentro, onde a desordem se encontra festejando a desordem.  

E há um temido gemido. Um grito. Vários. Como algo dentro de você e de mim furando pedaços de vida. Uma espécie de máquina lenta, criando desamor, percorre meu tempo entre veias amargas. 

Agora vejo bem. A maldita dor, como uma senhora sombria, e ranzinza, perdurará.
 


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