sábado, 23 de julho de 2016

COM O TEMPO ESMAGADO E ATRAVESSANDO OS PONTEIROS, A LAMINA PERMANECE AFIADA






A seu tempo e somente assim.

Acordado da noite onde novamente o sono
não pousou.

Na morna manhã de sábado onde a alvorada precipita-se
e o sol vagarosamente ocupa seu espaço na varanda.

Entre o cheiro de café e os dentes repletos de migalhas de pão. Dentro do pijama surrado, escondendo as feridas do corpo.

A seu tempo e somente assim.

Alienado aos carros que rompem a poluição como um castigado dia, enquanto os cães abandonam seus próprios rabos ao passeio de seus donos. 

Ele prepara o mate amargo perseguido pelo fazer de um milhão de coisas novas.

Antevendo. Agindo antes da ocorrência.

Com o pouco vagar do realizado trabalho
e com a voz consciência do velho mestre a espreita
"não tente, se for apenas para tentar, nem comece...”

A seu tempo e somente assim.

Faz frio. O minuano sopra passados incontornáveis
em sua mente.

Ele senta. Suas costas viradas para a lareira.
Com o alvo a sua frente, e com suas mãos tremulas. Vacilante. Socas as teclas.  

As palavras correndo no branco da tela,
uma após a outra, da esquerda para a direita, 
interligando o cognitivo as ideias e o vórtice.

A seu tempo e somente assim.

Depois de horas, dias, meses, anos, vidas, planetas, galáxias, sem escrever nada.

Ao som colorido do deslocamento das borboletas.

Ele escreveu o poema.

CONSEGUIU.


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