- veio a mim agora
isso,
essa distorção
da fuga, ou
essa memoria
fulgaz, ou
esse pequeno e
silencioso
desejo de me
contar -
Duas décadas atrás,
caminhava eu
caminhava eu
pelas tardes
nuviosas
da misteriosa
Amsterdam.
Sobre seus diversos canais
e suas pontes
sobre eles,
entre as
milhares de bicicletas
escutando o trim-trim
metálico
de suas buzinas.
Dos países
baixos
é a Veneza do
norte,
sob tamancos
coloridos
esculpidos a
mão e deixados
a vista
daqueles que por ali
estão turistando.
O museu Van
Gogh,
a casa museu de
Rembrandt,
a casa de Anne
Frank,
e as poucas
tulipas negras
escondidas e encontradas
surpreendentemente.
A triste visão
emblemática
dos corpos acabados,
fumados e
picados
na Praça Dam.
Ovos pochê
e queijos Brie
ao café da
manhã.
Cerveja Amstel
pulse
apreciada na
temperatura ambiente
ante os
transeuntes e
a beira do rio
Amstel.
O bairro da Luz
Vermelha
e as portas de
vidros
com suas
mulheres nuas
fotos,
gritaria, tapas e
o filme sacado e
devolvido
à prostituta da
porta de vidro.
E aquele chafariz
de metal
em forma de
pênis
alheio a tudo
jorrando água
na praça.
O vigor de tudo
aquilo
tão distante
agora
quanto estou eu
de mim mesmo...
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