segunda-feira, 28 de novembro de 2016

UM A CADA MILHÃO






Meu amor eu gostaria de escrever para você o poema definitivo.  

Um poema que matasse a sede como um gole dágua bebido no escuro da madrugada.  

Um poema que gemesse como um pobre animal palpitando ferido.  

Um poema sem outra angústia que não a sua misteriosa condição de poema, triste, solitário, único, ferido de mortal beleza.  

Tão lindo que só poderia ser lido dançando.  

Um poema solto e livre como uma pedra largada no indizível infinito. 

Um poema que assassinasse o poeta e que te matasse de amor. E que chegasse até você como um trovão para moer teu cérebro, para retalhar tuas coxas.

Um poema para dilapidar a riqueza de tua juventude e incinerar teu coração de carne.

E de tuas cinzas fabricar a substância enlouquecida das belas cartas de amor.


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